ADEUS A PAULO DANTAS

"O ACADÊMICO" - Boletim Literário da Academia Itabaiense de Letras,
de junho de 2007 - publicou:

Paulo Dantas partiu como chegou: de mansinho, sem
alarde. Ligou apenas para os amigos mais íntimos, avisando:
“estou morrendo”. Era o “Capitão Jagunço” seu personagem
mais forte, falando por ele, enfrentando a morte com a mesma
coragem com que tinha, tantas vezes, enfrentado os desafios
de sua vida pontilhada de perigos.

É Monteiro Lobato que nos conta que, estava lendo
em sua casa em São Paulo, quando soou a campainha. “Fui
atender e me assustei quando, na porta, vi um jovem abatido
e macerado, exibindo angústia em seu olhar. Levei o maior
susto porque ele era muito parecido com meu filho Guilherme que havia falecido de
tuberculose. Sem mais delonga, perguntei: O Que você deseja? E ele, respondendo com
a mesma dureza de minha pergunta, respondeu: “Estou tuberculoso. Vim aqui para pedir
ao senhor um lugar para morrer”.
Na verdade, Paulo estava tuberculoso e sem recursos para se tratar.
Lobato cuidou dele como se fosse um filho e o encaminhou para tratamento em Campos
de Jordão. Uma grande amizade nasceu entre eles, tendo Paulo se tornado um fiel
escudeiro de Lobato enquanto este viveu.

Paulo Dantas nasceu em Sergipe, em 1922. Vivia em São Paulo, na Vila Mariana.
Foi duas vezes premiado pela Academia Brasileira de Letras pela sua novela Aquelas
Muralhas Cinzentas (1943) e pela romance A Cidade Enferma , escrito em Campos de
Jordão quando ele se curava de sua moléstia dos pulmões. Esse livro comoveu duas
gerações de brasileiros, chegando a ser apontado como um dos dez maiores romances
brasileiros de todos os tempos. Escreveu cerca de 23 livros, sendo o que alcançou maior
sucesso foi Capitão Jagunço. A morte o visitou suavemente quando ele escrevia sua
autobiografia. Levando Paulo Dantas, “o céu veio retomar a preciosidade com que um
dia nos brindou".

http://www.ael.zip.net/